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VIVIAN DE FARIAS PEREIRA

I. Sobre o autor

Vivian de Farias Pereira, tem 18 anos e cursa Letras na PUC do Rio Grande do Sul, no 4º semestre. Contatos com o autor pelo e-mail lvivi_fpereira@yahoo.com.br


II. Suas Obras



Não sei o que acontece...

Quando parece que nada mais pode dar errado
constado que sim
pode dar mais errado ainda

Uma apatia que não vem de mim
me invade por completo
e sinto imergir em uma completa escuridão
onde não há movimento
Não há som
Não há...

E ao mesmo tempo sinto que vou explodir
o movimento dentro em mim pressionando
querendo sair, mas não há válvula
Não há fissura
Não há...

As pessoas que me rodeiam
circulam e passam reto,
elas não existem.
São mera impressão da minha mente
e não há voz que me mostre o contrário
Não há ato que prove que é verdade

O espaço e eu
O nada e eu
O caos sou eu

Não há vantagem nisso.

Uma coisa existe...
a sensação de sufocar
em meio ao grito desesperado
e silencioso
pois ainda não há som

e o nada me envolve e me puxa
depois me solta e me joga
depois me pega e vira do avesso
depois me engole por inteiro
depois me devolve
depois me envolve...

Tudo recomeça
Em um segundo
Um suspiro entrecortado
Meio piscar de olhos imperceptível à não-luz total.

Lagrimas querem me deixar
o vazio as expulsa de mim
Não quero
não posso desistir
Minha vontade permanece no inatismo
Que vou fazer?
O desespero não permite que eu veja
Não tenho saída

Nem mesmo posso ver a morte?


Jorge

Como se fosse necessário, Jorge caminhava diretamente para a igreja. Não andou muito ? Estava na praça central.

Todos olhavam com grande interesse: que ia fazer Jorge na igreja? Justo Jorge? E bem na igreja? Ele deve estar fora de si...

Jorge nem percebeu o alvoroço. Subiu os poucos e gastos degraus e parou rente a porta. Segundos de indecisão. Nada se ouvia do outro lado. Estendeu a mão vagarosamente, tremores percorrendo todo seu corpo. Era como se os segundos não passassem. Alguém tomou a iniciativa:

— Não, Jorge! Não faça isso!

Jorge olhou desolado para todos que estavam na praça. Eram todas as pessoas da cidade. E olhavam suplicantes. Ele não poderia insistir naquela loucura. Mas respirou fundo, fechou os olhos e abriu a porta.

Ecos de seus passos pelo corredor. Assim que entrou, rangidos da porta o acompanhando, imaginou sentir que nunca chegaria ao final, as imagens pareciam acusá-lo, como se fosse o próprio Judas.

Jorge parou no meio da igreja. Necessitava chegar ao fundo, mas os olhos acusadores estavam fixos nele, deixando-o estático, enterrando-o entre os bancos. Era quase possível ouvir suas vozes, sussurros misturados aos ecos de sua respiração ofegante... que queres, Jorge... vá embora!

Caiu de joelhos, e assim, prostrado, seguia pelo corredor, olhando para o chão, tentando se esconder do vazio aterrador que se estendia por todos os lados.

Logo, apesar de parecer horas depois, um degrau aveludado surge. Havia chegado ao altar, e esta ciência se apoderou dele como se a foice da própria morte adentrasse seu peito. Jorge suava frio, tremia, respirava ruidosamente, e ao mesmo tempo, se repreendia por fazer tanto estardalhaço.

Subindo o olhar, encontrou pés, cruz, corpo e rosto, a maior imagem. Mas mesmo os braços estendidos pareciam apontar violentamente e julgá-lo.

Do lado de fora, as pessoas pareciam estar suspensas no tempo. Nem mesmo as crianças pareciam vivas. Todos esperavam por algo. Como Jorge pudera fazer aquilo? Tão jovem, toda a vida deixada de lado? E a esposa que viria a ter? E os filhos que viria a fazer?

Jorge ignorara todos os argumentos, nada mais importava. Quem poderia entender? Nem ele mesmo entendia...

O padre esperava na sala ao lado, nervoso e inseguro. Sabia que mais cedo ou mais tarde Jorge viria. E veio. Não havia mais como fugir disso. Ele também tentara persuadi-lo sem sucesso. Pensaste bem Jorge? O que queres é muito difícil e penoso. Não pensas em tua mãe? Tuas irmãs? Todos têm esperança em ti? Vais ignorá-los?

Jorge bateu levemente. O padre abriu a porta. O espaço era escuro e pequeno. E como se todos que estavam do lado de fora da igreja tivessem gritado ?Não!? ao mesmo tempo, ele sentiu o impacto característico do som, se desequilibrou, mas não olhou mais para trás. De nada adiantaria agora. Jorge deu um passo, depois outro, e a porta fechou.


A prima

Sempre vi a morte como uma prima distante, aquela que ainda não conhecemos, mas que um dia aparece, com ou sem aviso, e invariavelmente nos leva. Às vezes ela pode ser bem rápida, agir sem demora, mas também pode dissimular, se demorar um pouco mais, mostrar o rosto e recuar como se estivesse desistindo da idéia, para voltar mais tarde e cumprir seu papel.

Era uma semana comum. Trabalhei o dia inteiro e só sai ao final da tarde. Gostava de andar pela cidade para desocupar a cabeça, e naquele dia não foi diferente. Caminhei pelas ruas, aparentemente tentando chegar a lugar algum. Não tinha pressa, mas tinha a sensação de que não poderia demorar muito. Pensamentos confusos vinham à minha mente, um misto de idéias que surgiam do nada, idéias um tanto conturbadas que me levavam a andar sem destino. Não, eu não estava delirando. Tinha plena consciência de meus atos. Tudo que fazia tinha um sentido prático, uma razão clara e específica, mesmo que nem eu pudesse sabê-la no momento.

Entrava nesta ou naquela rua sem titubear, pois estava certo do caminho a seguir. Não observava muitas coisas. Olhava sempre reto, vez que outra detendo meu olhar em alguma casa ou estabelecimento. Foi assim que cheguei à Rua Sem Nome, como informava a placa. Tal fato chamou minha atenção, pois sempre andei por aquela rua sem nunca me preocupar com nomes, para então descobrir que o nome da rua era Rua Sem Nome.

Observando atentamente agora, eu andava a passos lentos, parando quando achava algo interessante. A confusão de idéias sumiu por um momento, e assim eu pude apreciar o que via sem sofrer a angustia de ter que andar sempre. Vi os grandes cassinos, um ao lado do outro, mas poucas pessoas circulando. Na verdade parecia haver movimento somente em um ponto, bem ao final da rua, em frente ao maior cassino. Caminhei até lá tranqüilamente, sem a pressa que outrora me castigava. Ao aproximar-me, percebi a presença de um atarracado porteiro, não anão, mas um homem bem menor que a média, com braços e pernas pequenos, porém muito fortes. Ele permitia a entrada de uns e barrava a de outros.

Sem saber muito bem o porquê, fui até o porteiro, mesmo tendo a consciência de que ele não teria razão nenhuma para me deixar entrar. Estava enganado. O porteiro abriu um grande sorriso ao me ver, como se já nos conhecêssemos há tempos, e deixou o caminho livre para que eu pudesse passar. Fiquei sem ação. Não tinha pretensão de entrar, mas a insistência do porteiro acabou por me convencer.

Já dentro do cassino, pude perceber que nada do que eu pensava que acontecia lá era verdade, pelo menos assim, à primeira vista. Ali não havia homens armados, daqueles que jogam pensando na briga do final. Os jogadores eram pessoas comuns, pessoas que eu via todos os dias. Claro, sempre tem um que é mais, digamos, bem sucedido que os outros, mas isso acontece em todos os lugares.

O ambiente era bem iluminado e não era tão barulhento como sempre pensei que fosse. E as pessoas se divertiam. Não eram como as pessoas que eu conhecia. Riam, jogavam, bebiam sem se preocupar com coisas comuns como o porre e a dor de cabeça do dia seguinte. Na verdade, as pessoas se divertiam tanto que parecia até irreal, tanto se divertiam que fui compelido a usufruir deste mundo paralelo. Aproximei-me da roleta, e resolvi apostar em um número qualquer, já que não tinha conhecimento de macetes e probabilidades de jogo, e não acreditava em sorte.

O homem girou a roleta com força. A única coisa que podia ver era um borrão de cor que girava veloz, enquanto o som da bolinha enchia o ambiente, que por um segundo ficou silencioso. A tensão tomou conta das pessoas em volta de mim, e eu não conseguia tirar os olhos da roleta. Quem viu meus olhos naquele momento jurou que eu era um daqueles fracassados que apostavam tudo que tinham de uma vez e rezavam para ganhar, pois disso dependiam suas vidas. Mas não era assim. Eu olhava sem ver, porque no mesmo compasso das voltas da roleta, comecei a lembrar das coisas que me atormentavam enquanto eu caminhava, coisas que havia esquecido há muito tempo, e que nos últimos dias resolveram voltar.

Lembrei de como eu adorava matar as formigas, e de como passei a gostar de ver os pássaros morrendo quando batiam na vidraça fechada da janela. Que coisas estranhas para lembrar, o momento não era apropriado, mas não conseguia me desligar destes pensamentos. Antes era fácil, eram apenas lapsos, mas agora era uma massa uniforme, distinta em todos os aspectos. Lembrei ainda de quando vi um gato morrendo lentamente. Fiquei preso entre horror que era aquela morte e o desejo de vê-la até o fim. E o desejo fora mais forte que o horror.

A roleta ainda girava, e as lembranças jorravam como uma fonte sem fim. Lembrei de quando decidi ser médico porque sabia que poderia ver pessoas mortas, e que talvez algumas morressem na minha frente. Podia ver nas voltas da roleta a satisfação que senti quando abri meu primeiro cadáver. Engraçado como alguns de meus colegas de faculdade, se me permitem o trocadilho, morriam de medo da morte. Muitos não conseguiam nem ver os corpos que já desmaiavam. À época eu não entendia este sentimento, por que eu próprio não o sentia. Nunca senti medo da morte.

Comecei a perceber matizes de cor na roleta, e o silêncio pesava de tal forma que todos se curvavam gradativamente. A bolinha se tornou bem visível, e algumas pessoas tinham espasmos de nervosismo. Lembrei que aprendi a provocar uma morte, se fosse preciso. A famosa eutanásia. Nunca o fiz. Gostava da espontaneidade, da ordem natural das coisas. Queria saber da morte como ela realmente era, e não como ficava quando provocada.

A roleta parou. O silêncio era doloroso. Todos esperavam a voz que o quebraria. E a voz falou. E a calmaria aparente do silêncio foi totalmente massacrada pela tempestade de gritos, aplausos, risadas que se seguiram. Por algum tempo não percebi o ocorrido, tão atordoado que fiquei com o choque brusco da algazarra. Só percebi quando os mais próximos começaram a dar tapinhas em minhas costas. Olhei para a roleta e vi a bolinha branca sobre o número que escolhi. Alguém comentou a altos brados que o prêmio era de um milhão. Não registrei isso no momento. Como um fantoche gigante, fui levado a uma sala onde um homem carrancudo me entregou a maleta, e depois até a saída, onde um grupo eufórico se aglomerava para ver o grande vencedor da noite.

Ainda estava em estado de entorpecimento quando percebi que andara até a minha rua, as idéias todas girando em minha mente, uma após outra, misturadas às lembranças. Entrei em casa. Todos dormiam profundamente, mas eu não tinha o mínimo sono. Fui para meu escritório, servi uma taça de vinho e parei rente à janela, observando a ausência de movimento àquela hora. Não lembro onde larguei a maleta, lembro que fiquei um tempo ali parado, pensando nas coisas que recordei. Naquele momento a confusão pareceu sumir por completo. Uma paz me dominou e só então percebi a decisão que tomara.

Peguei a chave que mantinha escondida em minha gaveta, abri o armário de medicamentos e retirei um pequeno frasco, segredo da época de faculdade, onde eu roubara um pouco de estricnina, veneno potente que era usado para fabricação de um medicamento comum na época.

Despejei todo o conteúdo do frasco na taça de vinho que bebia, fui até a sacada e sentei-me tranquilamente na cadeira que havia ali, bebendo de uma só vez o vinho que restara.

Sempre vi a morte como uma prima distante, aquela que ainda não conhecemos, mas que um dia aparece, com ou sem aviso, e invariavelmente nos leva.



ELA

Ela acordou. Levantou-se. Vestiu-se. Comeu. Saiu. Caminhou por entre as ruas escuras e estreitas, sempre em frente. Já sabia aonde ir. Tinha um destino certo.

Todos os dias, desde que se lembra, ela fez o mesmo ritual, por assim dizer. Saiu de sua casa, andou durante alguns minutos, indo em uma direção que para ela era desconhecida, mas que sempre seguia sem perceber. A cada dia ela estacava subitamente e permanecia inerte em algum ponto da cidade. Quem a via imaginava que era alguma loucura ou alguma forma de arte. Ali ela ficava até se dar conta de sua atitude, como se despertasse de um leve cochilo, seguia para outros lugares, cumpria seus deveres diários e voltava para sua casa. À noite, dormia um sono conturbado, sonhos a inquietando sem revelar seu conteúdo. No dia seguinte se repetia a cena, como em um circulo vicioso.

Mas dessa vez foi diferente. Sempre morou sozinha depois de vir para o centro da cidade. Trabalhava em uma loja onde se vendia de tudo, e onde ela fazia de tudo. Estudou até entrar na faculdade, mas lá não permaneceu. Nunca ia a festas, parques, shows. Naquela noite, ela fez seu jantar e foi dormir.

Dormiu.

Ela estava fazendo seu café como sempre, se vestindo como sempre, saindo como sempre. Ela colocou a chave na porta e girou duas vezes. A porta permaneceu fechada. Ela tentou novamente, mas nada mudou. Outras vezes ainda ela insistiu sem nada acontecer. Imaginando ser defeito da chave, ela procurou uma chave reserva que tinha em seu quarto. Tentou abrir a porta ainda uma vez, mas também esta chave não fez efeito. Ela girava a chave, mas a porta não abria, como se alguém do lado de fora quisesse impedi-la de sair.

Ela continuou tentando. No relógio da parede marcava 7:32 da manhã, e ela teria que estar no trabalho somente às 9:00, mas ela não se lembrava disso.. Ela queria sair. Tinha que sair. Tinha que ir até lá. Ela não sabia que lá era esse. Só sabia que precisa ir até lá. Olhou em volta procurando algo com que pudesse forçar a porta, mas nada parecia servir. Por fim, depois de algum tempo, resignou-se ao inevitável: estava trancada em sua própria casa.

Ela permaneceu parada por algum tempo, mas de repente começou a correr pela casa, procurando, procurando como se ali houvesse alguém que pudesse lhe ajudar. Ela precisava sair de qualquer jeito. Precisava sair agora!

Ela acordou. Levantou-se. Vestiu-se. Comeu. Saiu. Caminhou por entre as ruas escuras e estreitas, sempre em frente. Já sabia aonde ir. Tinha um destino certo.

Dessa vez sabia aonde ir. Não lembrava ao certo como descobriu. Lembrava-se somente do que aconteceu a partir do momento em que acordou. Nem sequer notou que sua casa estava em total desordem. Não viu roupas no chão e movéis virados. E se viu alguma coisa, não conseguia imaginar o porquê da situação. Mas nada disso importava. Importava que ela não acordara da maneira habitual. Alguma coisa a fez acordar antes da hora.

Ela refez os trajetos que fizera anteriormente, de maneira rápida e direta. Ela observou atentamente cada um desses lugares, pois sabia que esses lugares lhe mostrariam algo que faria a diferença de alguma forma. Durante algum tempo, ela percorreu toda a cidade, visitando, alternadamente, uma fonte que jorrava água de uma pequena estátua, um parque com muitas árvores e uma ponte alta e curva. Assim ela ia, até que começou uma chuva fina, caindo levemente, mal molhando sua pele. Ela continuava, sem se dar conta das gotas que caiam.

Sabia aonde ir, mas estava confusa. Não sabia com chegar, nem o que buscar. Lembrou-se de todo o trajeto que fizera até ali.

A chuva caia com mais força agora.

Ela viu a pequena estátua da fonte criar vida, andando por entre as pessoas, sua água jorrando mansamente, até onde havia as arvores, o parque. A chuva mostrando seu furor sobre a terra, folhas caindo, a estatua seguiu no seu caminho, subiu a ponte, foi até o centro, a água secando em seus lábios de pedra. A estátua parou e voltou a ser imóvel, desmanchando-se de repente, seus pedaços virando em pó e, não sofrendo o efeito da chuva, escorreu até cair em poeira espalhada toda sobre a água abaixo da ponte.

Ela abriu os olhos. Sua respiração ofegante contrastava com seu ar sereno e calmo. Ninguém mais andava pelas ruas. A chuva espantou a todos. Ela voltou até o local onde vira a estátua da fonte, mas não havia mais nada lá.

Seguiu até o parque, vendo galhos secos se partirem sob seus pés, enquanto voavam ao sabor do vento, que agora soprava tão forte quanto a chuva caia, desvirtuando os grossos pingos que se dirigiam retos até o chão. Ela caminhou por entre as arvores, indo para a ponte. Ventos cada vez mais fortes, pingos cada vez mais grossos a impulsionavam sem ela sentir. Não sabia o que viria depois. Não sabia onde isso acabaria, mas continuou seu caminho. Chegando ao meio da ponte, refez os passos da estátua, e sentiu sob os pés, apesar de estar usando sandálias, uma areia fina ainda seca. Tomou um punhado dessa areia nas mãos tentando entender o significado de tudo aquilo. Piscou e olhou para frente.

Ela estava sobre a ponte, no ponto mais alto dela. Ela viu o vento. A força do vento que levava a chuva em remessas de um lado para o outro. Ela baixou os olhos e viu água. Água que rugia e olhava para ela. O vento a erguia até quase tocar a ponte, a água, por sua vez, descia em lagrimas para ser erguida novamente pelo vento.

Ela observava tudo aquilo em silêncio. Lembrou-se da história em que o Sol ama a Lua, mas ele nunca consegue se aproximar dela, apesar de persegui-la eternamente.
vViu vento e água se debatendo com grande fúria. Ela não sentia mais seu próprio corpo. Não sentia o frio, nem a chuva, nem o vento. Súbito, uma grande parede de água se levantou. Ela fitou a onda, e de repente, sem pensar, se jogou de encontro a ela. Mergulhou, sentiu a água entrando em sua boca, tocando sua pele, e da mesma forma que a parede se ergueu, ela sumiu no ar. A chuva cessou. O vento foi enfraquecendo, a água furiosa foi acalmando até parecer um grande espelho plano, sem uma única encrespação.

Ela, onde estava, nem ela própria sabia. Nunca soube.

Ela acordou. Levantou-se. Vestiu-se. Comeu. Saiu...